Artur Bueno de Camargo (*)
Quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no ano de 2003,
oficializou que 28 de abril passaria a ser o dia mundial em memórias das vítimas de
acidentes e doenças do trabalho, a decisão se deu em razão de muitas lutas sindicais. A
data foi motivada pela ocorrência de um acidente em uma mina de carvão, em Virginia,
nos Estados Unidos, que matou 78 trabalhadores.
Mas, o objetivo principal, com certeza, foi para alertar toda a sociedade mundial,
sobre a necessidade de ser dada uma atenção maior à segurança e à saúde dos
trabalhadores nos locais de trabalho.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, no Brasil, no ano de 2011
foram registrados 711.164 acidentes de trabalho, sendo que 2.884 resultaram em mortes
de trabalhadores. No ano de 2012, o número de trabalhadores, vítimas fatais de
acidentes do trabalho, chegou a 2.739. Apesar da leve queda de mortes por acidente do
trabalho, em comparação a 2011, o número é exageradamente alto.
Todos sabem que a única forma de evitar acidente do trabalho é por meio de
prevenção. E ação preventiva se faz com investimentos, em todos os aspectos, seja nas
condições e nos ambientes de trabalho, no treinamento adequado, no equipamento de
segurança efetivamente utilizado, no ritmo de trabalho compatível com as condições
humanas dos trabalhadores, além da conscientização dos riscos, nos locais de trabalho.
Já o 1º de maio é lembrado pelo esforço dos mártires de Chicago, nos Estados
Unidos, que se dispuseram a travar uma luta, com prisões e perdas de vidas, em busca
da redução da jornada de trabalho. Até hoje, muitas vezes, não nos damos conta de que
uma jornada de trabalho reduzida traz, com certeza, melhor qualidade de vida e isto
pode ser um fator que contribui na prevenção de doenças e acidentes do trabalho.
É lamentável que uma parcela do movimento sindical, vem desvirtuando o
significado do 1º de maio. A data deveria ser de reflexão sobre as lutas da classe
trabalhadora e a respeito da necessidade da contínua busca por melhoria das condições
de trabalho. Deveria servir ainda, o 1º de maio, para protestos contra a insegurança e a
injustiça que assolam os trabalhadores, neste país. Mas, alguns preferem aliar-se aos
grandes capitalistas e atrair multidões com sorteios de automóveis, casas, motos,
bicicletas e outros itens, além de shows com artistas contratados a peso de ouro,
transformando numa festa a data que deveria servir para transmitir o verdadeiro
significado do 1º de maio, que na verdade, é um dia de luta da classe trabalhadora.
Ousaremos convidar a população para que todos os dias façamos uma reflexão
sobre as condições de saúde, educação e segurança que os governos vêm
proporcionando à sociedade e, inclusive nos locais de trabalho, quais são as condições
da classe trabalhadora!
Vamos nos organizar e lutar por trabalho sem acidentes e por justiça social a
todos!
(*) Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de
Alimentação e Afins (CNTA) e vice-presidente da Federação
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